é isso que significa de facto fazer escolhas na vida.
há uma escala de liberdade que raramente numa vida é subida.
as escolhas reais não são as que agora te surgiriam como naturais,
mas sim as que te forçariam a libertar o mundo e a reajusta-lo à tua vontade.
há dor na mudança mas só porque te apegas ao mundo, porque nele fazes casa, conforto, casulo.
superior à escolha do fazer será sempre a escolha do ser.
tu não és o que aparentas, não és como te pensam, não és peça na engrenagem da sociedade, não és o que estudaste, não és com quem te juntaste, não és o produto do teu ventre, não a direcção dos teus passos, não as tuas emoções, não o teu percurso previsto por cada mais obscura ciência ... essas são as escolhas naturais, aquelas que seguem o encadear das causas e dos efeitos e vão fechando pouco a pouco o caminho para essa verdadeira liberdade.
liberdade real é mudar em consciência profunda, criar ondas sem inicio.
escolhas reais são aquelas que se te fossem propostas, levianamente pensarias serem simples de executar sem no fundo lhes pesares os efeitos. podias até as pôr em pratica mas a mente estaria constantemente a dar-lhes estatuto temporário e eventualmente darias por ti a corromper-lhes os sentidos ao ponto de te tornarem quem eras antes. a liberdade real é aquela que te faz tomar o peso à insegurança, ao medo, a toda a bagagem acumulada na vida. e pesa tudo.
não há nenhuma escolha real que não te force a trocar e reavaliar afectos, pertenças e sentidos enraizados. aliás é essa a medida do esforço, a medida do quanto consegues não seguir o eterno fluir da causa-efeito.
a solução passa sempre pela aceitação da transitoriedade e o consequente desapego. diminui tanto o peso como as resistências egoicas a uma mais abrangente consciência.