O Capitalismo é uma utopia e um vasto esquema de pirâmide,
senão vejamos:
Defende uma ideia de eterno progresso, desenvolvimento, construção e evolução num planeta finito em recursos.
Beneficia unicamente as hierarquias mais altas economicamente falando.
Faculta a exploração e as desigualdades entre os indivíduos já que o objectivo é o lucro e manter a empresa à tona no mercado livre. A sobrevivência da empresa torna-se mais importante do que quem a compõe (cargos inferiores) tornando-a quase uma entidade “viva”, um sistema complexo dentro de outro maior respondendo a estímulos dinamicamente.
Torna o consumo uma actividade humana essencial. O consumo ajuda a economia que por sua vez vai equilibrando a elite no topo da pirâmide. A auto-suficiência é tida como inimiga do estado porque lhe rouba dividendos e meios de controlo. O valor de cada um mede-se na medida em que beneficia o sistema e não no seu valor intrínseco como individuo.
Facilita uma estrutura hierárquica baseada em poder inverso a “boas intenções”, já que os de fraca moralidade têm mais liberdade de acção e facilidade em pôr o dinheiro acima de vidas e saúde humanas. Em suma, o sistema beneficia quem está disposto a ser comprado quer em informação quer em actos.
É um sistema que depende totalmente da eficiente (voluntária) coação dos indivíduos que o compõem, logo, vários mecanismos são accionados: controlo dos meios de informação acessível ao público, (ab)uso da força policial e militar, aumento da dependência do indivíduo ao estado de todas as formas possíveis, quer de um modo virtual (em burocracias e ideologias propagandeadas) como na real necessidade de água e alimentos (cada vez mais nas mãos de empresas privadas). O indivíduo deve confiar a sua vida ao estado (que passa a funcionar não só como identidade mas como maquina económica), o estado é que sabe do que a pessoa precisa para ser feliz e já agora vai mais longe e redefine o próprio conceito de felicidade como lhe convém.
A felicidade numa sociedade consumista é ter mais do que se tem. Alimenta-se o conflito difundindo a ideia que ter mais do que o próximo nos torna mais do que ele. E ter mais do que os outros é sinal de prosperidade. E prosperidade torna-nos mais respeitáveis. E quanto mais poder se tem, menos se tem a ver com o estrato social que nos deu origem, mudam-se sentidos, prioridades e a relação de supremacia torna-se mais evidente e auto justificada para tapar a face da evidente hipocrisia.
Quem tem faz o que pode para manter a posse porque sabe que tudo pode perder, dissuadindo a mudança estrutural. Quem não tem dificilmente tem acesso a ferramentas pelas quais possa mudar a sua realidade. Haver real liberdade entre os constituintes seria a ruína dos valores e da estrutura do sistema. A mensagem é simples, o direito a existir e fazer parte do sistema paga-se anulando a individualidade criativa ... anula-se a humanidade.
O medo e a sobrevivência assentes no capital instável e fino dão origem a
abusos de poder e à
corrupção activa. São os danos da concorrência, os bens são de quem tem apetite e mais dentes na boca e a agressividade é sobejamente recompensada.
A elite define e valida o que é bom e o que é verdadeiro. Aos “especialistas” (fazedores de opinião) eleitos, são dados tempo de antena e validadas as opiniões. Raciocínio circular: se aparece nos jornais/televisão e é apresentado seriamente então é digno e confiável e vice-versa. A internet, sendo ainda um meio pouco filtrado, é vista como não confiável e aberta a todo o tipo de opiniões não fundamentadas.
Na comunidade científica qualquer investigação que ponha o status quo em perigo é desaconselhada (não financiada) e é posta em causa a validade intelectual do investigador. Ainda assim a ciência é tida como acima de qualquer suspeita, livre, confiável e empreendedora valorizando o bem comum.
É muito mais lucrativo para as corporações farmacêuticas manter as pessoas no limiar da doença do que oferecer curas reais a doenças como diabetes ou cancro que não passam de doenças provocadas por tóxicos estilos de vida numa sociedade em crescente toxicidade. Varias doenças imaginárias são “tratadas” com psicotrópicos, pensa-se a doença antes do doente existir, o doente é consumidor, o bom marketing constrói necessidades e cria oportunidades.
As empresas, passando um certo patamar de número de empregados, deixam de ter contas a prestar, a humanidade dos seus constituintes torna-se anónima, descaracterizada. Os fins justificam os meios e ninguém é efectivamente responsável. A responsabilidade cabe aos tribunais decidir mas a “justiça” beneficia os mais influentes e com acesso a melhores advogados.
Os produtos criados passam a ser feitos tendo em conta um
tempo limite de expiração (falha programada). Comercializar produtos que durem é um claro tiro no pé. O mercado deve renovar-se constantemente. As modas giram incessantemente enquanto o lixo se amontoa por todo o lado, por terra e pelo mar.
O
estado torna-se aos poucos uma corporação.
Tanto faculta a interdependência entre os países como relações de dominância sobre os "menos desenvolvidos" ... também aqui promovendo desigualdade.
O bom cidadão não faz perguntas, faz o que lhe é devido. É uma criança adulta. “Lá fora” faz frio/calor de mais, há “bandidos terroristas”, não há comida/água potável, há doenças à solta … o bom cidadão quer-se dependente, maleável. Incapaz de pensar por si, mas capaz de pensar pelo que lhe sussurra ao ouvido a publicidade e a propaganda. A propaganda é acessível, fácil de assimilar e pensada para satisfazer o ego. Na era da comida plástica, quando o cérebro teima em querer fugir à rede, é domado pela
toxicidade ingerida.
Fabrica-se medo do “terrorismo” internacional para que o estado possa controlar mais, todos os aspectos da “privacidade” do cidadão … de forma a proteger a maioria, claro. Esquece-se claro que quem distribui armas aos “terroristas” é quem tem contas a prestar, e esses são sempre os mesmos.
Eventualmente marcarão com
chips electrónicos cada cidadão consumista, como gado, justificando que é pela sua segurança, que é mais prático e seguro para ele e para o estado. O gado obediente faz o que lhe é devido, “
liberdade” é uma palavra em mutação de modo que a geração seguinte nunca saberá o que perdeu.
E tudo isto porque:
"O Capitalismo, segundo seus defensores, é o meio mais eficiente e eficaz de prosperidade, desenvolvimento e eliminação de pobreza nas sociedades, devido ao seguinte argumento central: cada indivíduo, por depender basicamente do seu próprio esforço, por ter direito a acumular e desfrutar dos produtos gerados por este esforço, por ter de assumir e colocar em risco seu próprio património é altamente motivado a utilizar seus recursos (materiais e intelectuais) da melhor forma (mais eficiente) possível, e a melhor possível é a que gera maior riqueza para a sociedade, já que os indivíduos dependem de transacções voluntárias."... Suponho que não perceberam que, mais cedo ou mais tarde, as necessidades/valores do capital se iriam sobrepor às do estado.
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